Após fazer uma postagem falando acerca do terceiro mandamento, recebi nos comentários dúvidas sobre o quarto
mandamento que fala sobre a guarda do sábado. Por esta razão resolvi fazer este
artigo para esclarecer as dúvidas sobre um assunto que tem gerado muita
confusão. Os cristãos devem guardar o sábado?
“Lembra-te do dia de sábado, para
santificá-lo. Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos, mas
o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor teu Deus. Nesse dia não farás
trabalho algum, nem tu, nem teus filhos ou filhas, nem teus servos ou servas,
nem teus animais, nem os estrangeiros que morarem em tuas cidades. Pois em seis
dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles existe, mas no
sétimo dia descansou. Portanto, o Senhor abençoou o sétimo dia e o santificou.”
(Êxodo 20.8-11)

Primeiro, é preciso entender que
a palavra sábado demonstrado no versículo acima (e nos demais acerca deste
assunto) tem um significado um pouco diferente do que estamos costumados, ou
seja, a palavra “sábado” não se refere a um dia específico da semana, mas sim
qualquer período de tempo em que Deus ordenasse que seu povo santificasse para
Ele, não importando o dia da semana que caísse.
Na língua portuguesa, isso não
fica claro para nós, entretanto, na língua inglesa podemos ver essa diferença.
Mesmo que você seja um “leigo” no inglês (assim como eu) irá conseguir notar a
distinção, pois como todos nós sabemos, quando se refere ao dia da semana, a
palavra que se usa é: Saturday. E não é isso que acontece, como veremos abaixo:
“Remember the SHABBATH day, to
keep it holy.” (Êxodo 20.8 – King James Version)
Há uma passagem na Bíblia que
podemos entender melhor esse conceito, que se encontra em Levíticos 23, onde há
a convocação para as festas solenes do Senhor. O primeiro listado é o Sábado,
onde o povo israelita deveria fazer uma “santa convocação”, isto é, uma reunião
do povo para adorar a Deus. Esse dia foi chamado de “sábado do descanso solene”
ou “shabbath shabbathon” (hebraico).
O Dicionário Bíblico Strong
define a palavra “shabbathon” da seguinte maneira: Observância do sábado,
sabatismo. Ou seja, nas Bíblias em português quando está escrito descanso, está
se referindo Shabbath (Sábado). Se pararmos para ler o mesmo capítulo, na
descrição da Festa das Trombetas encontraremos a descrição “no mês sétimo, ao
primeiro do mês, tereis descanso solene (shabbathon)” (Lv 23.23a – grifo meu).
Como a festa das trombetas caía no mesmo dia do mês em todos os anos, como é
que em todos os anos ela iria conseguir cair sempre no sábado (dia da semana)?
Não há como! Assim como o natal cai no mesmo dia, mas em cada ano cai num dia
da semana diferente; assim acontecia com essa festa e as demais. Ou seja, isso
comprova o que eu disse desde o início. Peço que separe um tempo para ler a
descrição do mesmo capítulo das outras festas, porque não há espaço suficiente
nessa postagem para fazer isso!
Sabendo disso, vamos seguir para
o próximo ponto. A Bíblia diz: “Portanto, não permitam que ninguém os julgue
pelo que vocês comem ou bebem, ou com relação a alguma festividade religiosa
[celebração anual] ou à celebração das luas novas [celebração mensal] ou dos
dias de sábado [celebração semanal]. Estas coisas são sombras do que haveria de
vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo.” (Colossenses 2.16,17 – grifo
meu).
Podemos conferir que as
Escrituras dizem que o Sábado era uma “sombra” de uma realidade espiritual que
foi cumprida em Cristo. Ou seja, o Sábado era a libertação e o descanso do
trabalho (Dt 5.15) e Cristo trouxe para nós o descanso e a libertação do
pecado
. Sendo assim, Jesus é o descanso pelo qual o Sábado apontava. E o
descanso que Cristo nos trouxe também é uma “sombra” do verdadeiro descanso que
nós cristãos iremos desfrutar no céu (Hb 4.9).
Logo, não há mais necessidades de
guardamos o sábado como os israelitas faziam, pois essa realidade espiritual já
foi cumprida por Jesus!
“Mas
Jesus guardava o sábado, isso é uma prova que devemos continuar a fazer isso.”
,
você pode estar pensando. Jesus era judeu e obedeceu todas as leis do Velho
Testamento, isto é, foi circuncidado (Lc 2.21), foi apresentado no Templo
oferecendo um sacrifício (Lc 2.22-24), guardou a Páscoa (Mt 26.17-19), etc.
Entretanto, quando Jesus morreu (e ressuscitou), inaugurou-se uma nova aliança,
revogando assim a velha (Mc 2.21,22; Hb 7.12). Ou seja, se precisamos guardar o
sábado só porque Jesus o guardou, então também teríamos que ser circuncidados
como também guardarmos a Páscoa da mesma maneira que os judeus faziam. Além
disso, Jesus se opôs às tradições rabínicas que colocavam um fardo sobre a
questão do sabatismo.
“O
apóstolo Paulo guardava o sábado, isso é uma prova que devemos também continuar
guardando.”
. As Escrituras não ensinam isso. Muitos
erroneamente “pegam” passagens em que Paulo estava ensinando na sinagoga no
sábado (At 13.14,42-44; 16.13; 17.2; 18.3,4) para dizer que ele o guardava, mas
isso não tem nenhum sentindo, pois Paulo aproveitou-se do dia em que as pessoas
se ajuntavam na sinagoga para apregoar as Boas Novas. E se de fato Paulo guardava
o sábado e achava que era necessário, então por que não ensinou em nenhuma de
suas epístolas a importância de observá-lo? Por que no concílio entre os
apóstolos e os presbíteros (At 15.1-29) não foi decidido que os gentios
deveriam guardar o sábado, já que a questão discutida era o que os gentios
deveriam “guardar da lei”?
“Então,
os cristãos devem guardar o domingo?”
. Os primeiros
cristãos passaram a separar o domingo como dia de descanso e culto, celebrando
a ressurreição de Cristo ocorrida em um domingo, como indicam alguns textos do
Novo Testamento (At 20,7; 1 Co 16.10; Ap 1.10); para que não se assemelhassem
com as práticas judaicas e gerasse uma grande confusão entre os judeus
convertidos ao Cristianismo com os gentios. Os primeiros cristãos observaram o
domingo, mas não como o “Sábado”. Ou seja, nós cristãos precisamos separar o
domingo para cultuar a Deus; mas não precisamos “guardá-lo” da mesma forma (com
rituais, etc) que os judeus guardavam o sábado.
Portanto, querer que os cristãos “guardem”
o sábado é simplesmente querer judaizar o Cristianismo que nos trouxe a
libertação da lei. É querer ser escravo da lei novamente.
“Mas agora, conhecendo a Deus, ou
melhor, sendo por ele conhecidos, como é que estão voltando àqueles mesmos
princípios elementares, fracos e sem poder? Querem ser escravizados por eles
outra vez? Vocês estão observando dias especiais, meses, ocasiões específicas e
anos!” (Gálatas 4.9,10)
“Foi para a liberdade que Cristo
nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a
um jugo de escravidão.” (Gálatas 5.1)
E
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One thought on “Precisamos Guardar o Sábado?”
  1. Se são dez mandamentos nas tábuas, porque só o sábado foi abolido? Porque continuamos a não adorar esculturas, a honrar aos pais, a não cobiçar? O próprio Cristo diz que o "o sábado foi criado por causa do homem, e não o homem por causa do sábado" (Marcos 2:27) e Ele diz "não vim ab-rogar a lei, mas para cumprir" (Mateus 5:17). Com a morte de Cristo, o sábado não foi abolido, mas confirmado, pois Jesus descansou no sábado, para ressuscitar no primeiro dia da semana. Nós descansamos sim em Cristo, mas nosso corpo mortal e corruptível, ainda precisa descansar e o sábado, assim como a família, foi instituído na criação do mundo ("Abençoou Deus o sétimo dia e o santificou, porque nele descansou de toda obra que realizara na criação." – Gênesis 2:3), e não no monte Sinai, quando Moíses recebeu as tábuas da lei escritas em pedra (mais uma prova de que a lei de Deus é imutável).

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