Tem
situações em que a gente acha que sabe o que vai fazer, pensa que
vai ajudar alguém e acaba é sendo ajudado pela pessoa, termina o
dia aprendendo uma grande lição. Isso aconteceu comigo uma vez em
que fui visitar um asilo de idosos na minha cidade.

Era
uma tarde de sábado, a visita ocorria normalmente, até que eu e uma
amiga resolvemos nos sentar na salinha de televisão que ficava na
ala das mulheres. Fiquei perto de uma senhora que eu ainda não
conhecia, a dona Nair, e comecei a papear com ela.

Muitas
vezes quando estamos no asilo, surge a oportunidade de falar sobre
Deus. Não sei se as pessoas mais velhas são capazes de abrir mais o
coração para o Senhor ou se isso é fruto apenas de coincidência.
Fato é que no dia em questão, dona Nair e eu começamos a falar de
Deus.

Quando
surgiu o assunto, eu me empolguei e logo pensei: “Opa, uma
oportunidade de evangelizar!”. Porém, não quis forçar a barra,
deixei o assunto fluir, citamos algumas passagens da Bíblia e o papo
seguiu.

O
que eu não sabia é que as histórias que a dona Nair iria me contar
é que me evangelizariam. As histórias da vida dela. 

Uma das coisas
que ela me contou foi que quando era mais nova tinha o costume de
doar roupas e outros itens para os necessitados.


que nem sempre ela tinha o que doar. Mas, em vez de se acomodar e
deixar para lá, ela batia na porta das pessoas, juntava as doações
e entregava para as pessoas carentes. Primeira lição: amar ao
próximo como a mim mesmo, conforme está escrito em Marcos 12:31, a
ponto de me esforçar para ver o outro bem.

Gente,
vamos pensar juntas. Quantas pessoas você conhece que seriam capazes
de sair por aí batendo de casa em casa para pedir doações para
outras pessoas? Quando nova, a senhorinha foi capaz de se colocar no
lugar do outro e sair da sua zona de conforto para suprir as
necessidades do seu próximo.

Não
digo isso para exaltá-la, mas, para lembrar que esse é um exemplo
importante de seguir. Que mostra que somos discípulos de Jesus (“Se
tiverem amor uns pelos outros, todos saberão que vocês são meus
discípulos” – João 13:35).

Entretanto,
essa não foi a única lição que dona Nair me ensinou naquele dia.
Ela também me mostrou como é importante e possível o
contentamento, manter o sorriso mesmo nas piores circunstâncias.

Ela
é uma senhora que já não enxerga mais. Que viu o primeiro marido
morrer e teve a bênção de se casar de novo. No entanto, o seu
segundo marido também faleceu. E para piorar, ela também viu o
próprio filho morrer.


Depois
disso, dona Nair ficou sozinha. O parente que passou a cuidar dela se
casou e, com isso, ela teve que ir morar no asilo.

Mesmo
com tantas tristezas, ela me disse que procurava se manter satisfeita
e que as coisas eram assim. Em nenhum momento de nossa conversa, ela
murmurou ou disse palavras negativas em relação a Deus.

Não
sei como era o íntimo dela, mas, naquele momento ela parecia
entender que aquela era a vida dela e tudo bem. Que viver de mau
humor ou reclamando não resolvia nada.

Segunda
lição: eu preciso aprender a me alegrar mais no Senhor. Se uma
senhora que vive em um asilo, não enxerga mais e já perdeu tantas
pessoas amadas, em tragédias pelas quais eu não passei e que sentiu
dores que eu não senti consegue mostrar contentamento, por que eu
não posso fazer isso? A nossa verdadeira felicidade está na
presença de Deus, na companhia de Cristo, na nossa salvação. Sei
que é difícil, porém, não devemos olhar para as circunstâncias e
sim para o Pai.


O
amor dele que nos enche é capaz de acabar com qualquer tristeza. A
paz que vem de Jesus e excede todo entendimento é maior do que
qualquer problema. Quando somos fracos, temos a oportunidade de
sermos verdadeiramente fortes. Porque aí não somos fortes com a
nossa força, mas com a força que vem de Deus: “Mas ele me disse: ‘Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza’. Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente nas minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim.”

Ou seja, no dia em que eu achei que ia falar de Jesus para a dona Nair, ela me mostrou atitudes cristãs, que refletem o Senhor. Eu fui evangelizada por ela e creio que jamais me esquecerei desse dia.

E se eu puder deixar um conselho para quem lê este texto, eu peço que você escutem mais o que os mais velhos com quem convivem dizem. Ouçam seus avós, pais e tios, eles têm coisas para contar e ensinar. Se for possível, visite um asilo um dia e dê um pouco de amor e carinho a pessoa que nem sempre recebem isso. E, talvez, você saia de lá com preciosas lições no coração, assim como aconteceu comigo naquele dia!


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