A vida em torno do falso eu gera o desejo compulsivo de
apresentar ao público uma imagem perfeita, de modo que todos nos admirem e
ninguém nos conheça. A vida dedicada à sombra é uma vida de pecado. Pequei em
minha recusa covarde — por temer ser rejeitado — de pensar, de sentir, de agir,
de responder e de viver a partir do meu eu autêntico.
Recusamos ser nosso verdadeiro eu até mesmo com Deus — e depois nos perguntamos
por que nos falta intimidade com ele. O ódio pelo impostor é na verdade o ódio
de si mesmo. O desprezo pelo falso eu dá vazão à hostilidade, o que se
manifesta como irritabilidade geral — irritação pelas mesmas faltas nos outros
que odiamos em nós mesmos. O ódio próprio sempre redunda em alguma forma de
comportamento autodestrutivo. O impostor e eu constituímos uma só pessoa.”
(MANNING, Brennan. O impostor que vive em mim). 
E quem é o impostor? Meu ego não remido e impossível de remissão. Minha carne!
O resquício que prova que ainda não estou pronto e aperfeiçoado no amor. O
impostor sou eu quando recuso a graça. Sou eu quando uso de artifícios externos
e superficiais para esconder todo o lixo que realmente sou. É uma faceta minha
totalmente calculista, fria e inteligente que se atém a contornar situações que
possam me revelar. 
Com certeza, quando escondo meus defeitos é o impostor que está nos bastidores
sussurrando ao meu ouvido cada atitude que preserve minha fachada. É o impostor
que articula cada frase de efeito, cada gesto pueril, cada reação esboçada que
mantenha distante qualquer sombra de quem realmente sou. Quando entregamos
nosso ser a Cristo, o impostor é o primeiro prejudicado. 
Ele vê diante de si todo seu trabalho ameaçado de ser desfeito e desmascarado
diante de todos. É quem mais se inquieta à cada atitude de sinceridade, de
humildade, mansidão e vulnerabilidade aos outros. Vê toda sua arte
desfalecendo-se diante de seus olhos e com certeza fará tudo para o evitar. O
impostor sabe que se estiver diante de Cristo, estará cego, pobre e nu. E que
nenhuma sagacidade o poderá camuflar diante daquele que sonda quem somos.
Talvez, seja isso que me incomode quando ouço que sou “a certinha”.
Deus sabe que não sou! Ah, se realmente soubessem quem eu sou. Ah, se não me
bastasse a graça! Não quero que as pessoas vejam em mim alguém arrogante em
seus princípios puritanos. Não quero que se escondam de mim quando me
aproximar. Quero ser como meu Mestre, atraente e agradável. Quero lutar contra
o pecado, sim! Mas, não quero fingir que não peco! Ah, se as pessoas soubessem
pelo menos o que se passa em minha mente no meu momento mais podre! Acho que
jamais tornaria a me chamar assim!
Quero ser mansa e humilde como meu Mestre, não a “perfeitinha” como
Caifás. Quero atrair as prostitutas, os homossexuais, os drogados, os ladrões,
os leprosos, os pobres e até mesmo aquele pior tipo de pessoa que existe.
Aquela que se parece comigo…

O poema escrito por Daniel
Babugem
, intitulado “Impostor que sou”, me será oportuno:

Tão perturbador é o impostor que sou…
Meus próximos nem eu
Conhecemos seus fracassos e mentiras…
Viventes na calidez do meu interior…
Não digo a verdade de quem eu sou…
A minha imagem os convenceu de que sou bom…
Mas, não convenceu a mim e nem a Deus…
Meu ego explora verdades para me enganar
Não sou mal ao ponto do desprezo
Nem bom o bastante a ser capaz de amar
Mas na calidez interior que sonha
A Sua parte em mim…
Conhece meus fracassos e mentiras
Você pode ver a minha alma sem máscaras
Você sabe quem eu sou…
Texto de Thiago Mendanha adaptado por Camila Zaponi.
Retirado do blog Juventude na Rocha.
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